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O meu cancro.

Estou aqui para vos falar sobre o meu cancro, sim... O meu cancro. Cada caso é um caso e eu estou aqui para partilhar com vocês a histório do meu cancro.

O meu cancro.

Estou aqui para vos falar sobre o meu cancro, sim... O meu cancro. Cada caso é um caso e eu estou aqui para partilhar com vocês a histório do meu cancro.

Cancrozinho.

01
Out19

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Dia 24 de abril de 2018. Consulta no Hospital de Aveiro para saber os resultados do exame. Fui com a minha mãe. Entrei no gabinete com um aperto no peito. Entramos as duas caladas. A médica disse "Bom dia" toda sorridente e disse que ia abrir o meu processo para ver os resultados. Entretanto a expressão facial dela mudou drasticamente. E este dia nunca mais se esquece.

"Tu és a Inês não és?"... Sim... "E tens 22 anos, não é?"... Sim... Fez-se silêncio profundo. A minha mãe deve ter ficado sem respirar durante um bom bocado. E naqueles segundos, eu tive a certeza e não foi preciso ouvi-lo. A médica não sabia o que dizer nem como. Como é que se dá uma notícia destas? Até que lhe sai algo como "Inês, não sei como lhe dizer isto... Mas você tem células cancerígenas."... Merda! Como é que é possível a vida mudar tão rápido? Ainda à coisa de cinco minutos estava tudo bem e de repente o mundo desaba... Eu bloqueei. O meu cérebro desligou todas as minhas funções. E eu acho que nem a pensar estava. Sei que a audição deixou de funcionar, os olhos focaram em baixo. Até que de repente a audição começou a funcionar a meio gás e começei a apanhar certas palavras "Quimioterapia", "Radioterapia", "Operação", "Reconstituição", "Remoção do peito"... Fiquei sem ar. Tanta coisa a acontecer. A médica começou logo a ligar para o IPO de Coimbra. Marcou de imediato uma consulta na mesma semana. Isto não podia estar a acontecer. A minha mãe só chorava e eu ali pávida e serena.

Quando saí do gabinete depois daquilo tudo, foi uma descarga enorme de adrenalina. A minha mãe agarrou-se a mim a chorar. E eu só deixei mas não parei. Eu não queria parar. Segui sempre corredor fora sem olhar para os lados. As lágrimas escorriam-me pela cara. Não dava para controlar. Chegamos cá fora e já estava a minha irmã mais velha a caminho. Liguei para o meu namorado. Não conseguia falar. Eu queria mas o choro era mais forte e as palavras não saiam. Como é que era suposto eu dar aquela notícia? 

Numa questão de minutos, de abraços e de uma conversa com o meu namorado. Eu entrei no meu carro, sosseguei, acalmei-me e conduzi até casa. E tudo ficou bem. Eu percebi naquele momento que tudo ia desabar que nada iria ser como antes. E então era o momento de eu ficar anestesiada como se não estivesse a acontecer nada enquanto toda a gente à minha volta sofria. Neste dia, o que mais me doeu não foi a notícia. Mas foi a reação do meu pai quando ouvi ele a dizer "Vai acontecer o mesmo que aconteceu à vossa avó.".

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